quinta-feira, 7 de julho de 2011

Quando a gente se permite, o tempo nos faz ter outro olhar diante da vida...

Por diversas vezes, ao longo da minha vida, me deparei com textos, frases e comentários a respeito de como “o tempo é sábio”, “o tempo cura tudo”, “o tempo nos faz esquecer”, e outros similares. 
Presenciei também vários relatos melancólicos de saudosistas de variadas idades, em referência a um passado maravilhoso e que não volta mais.  
Nada contra às verdades aí contidas, mas penso em como é bom chegar a um ponto da vida, em que a maturidade, que é companheira do tempo, atua como um agente transformador do ser humano, se ele assim o permitir.  
Durante a nossa infância tudo é sonho. Na adolescência, inconsequência. Na vida adulta, responsabilidade. Na velhice, o somatório de uma vida.  
Vejo cotidianamente pessoas completamente desconectadas do seu ponto de maturidade.  Adolescentes que vivem num sonho eterno que não tarda virar pesadelo. Adultos inconsequentes diante das responsabilidades que a vida lhe trouxe, vivendo como se
não houvesse amanhã. Mas o amanhã, existe sempre. 
E vejo velhos amargurados, com as almas vazias de maturidade, como uma fruta que apesar de ter passado por todos os estágios pertinentes à sua existência, não adquiriu sabor.  

O tempo pode ser nosso amigo ou nosso carrasco. Pode nos trazer alegrias ou dissabores, dependendo do nosso caminhar. Lutar contra ele é bobagem, pois ele é senhor do seu reinado.  O tempo é um mestre, e sabe ensinar...  A desacelerar para viver a vida e não somente passar por ela;  A observar o movimento do mundo à nossa volta, das pessoas, da natureza, da música;  
A perceber que muitas vezes onde achamos que existe beleza, há uma feiura medonha e o que julgamos feio, após um olhar mais atento, abriga uma beleza de incomensurável valor. 

O tempo ensina, que o silêncio tem sua eloquência e que a própria eloquência muitas vezes é muda;  Ensina que a linha que separa o chamado bem do mal é muito tênue para que haja julgamentos apressados.  O tempo, juntamente com a sua companheira, a maturidade, mostram pra gente a diferença entre tocar um corpo e tocar uma alma, e como pode ser inexplicável tocar os dois ao mesmo tempo. 
Eles ensinam que a ternura tem muito mais sabor quando vem aos pedacinhos no comum da vida.  E provam pra gente que o amor tem várias faces e que ele, assim como o tempo, também é senhor de si mesmo. 

"De modo que o meu espírito  
Ganhe um brilho definido  
Tempo tempo tempo tempo  
E eu espalhe benefícios  
Tempo tempo tempo tempo..."  
(Trecho da música Oração ao Tempo – Caetano Veloso) 

Um grande abraço a todos que me ensinaram e ensinam a valorizar o tempo e a transformação que ele me trouxe. Eliana.

2 comentários:

  1. "O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada, o tempo apenas tira o incurável do centro das atenções..." (Martha Medeiros)

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  2. Vir nesse post me trouxe à realidade de não perder o precioso tempo com coisas que não valem a pena.

    Bjus!

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